quarta-feira, 23 de março de 2011

Como lucrar com a revenda de cupons

Com mais de 1.200 empresas atuando no ramo, o mercado brasileiro de compras coletivas brasileiro vive um momento e saturação. Em menos de dois anos, o serviço conquistou definitivamente seu lugar junto ao consumidor, mas a janela de oportunidade para quem queria investir no modelo ficou para trás.

“Provavelmente o que veremos agora é o estouro da bolha, com muitas empresas fechando as portas. No futuro próximo teremos apenas os líderes do mercado, como Peixe Urbano e Groupon, e alguns sites e nicho", prevê Gerson Rolim, consultor da Câmara-e.net, especialista em comércio eletrônico.

A boa notícia é que toda essa abundância de ofertas no mercado gerou uma nova oportunidade de negócio: a revenda de cupons. Com tantos sites competindo pela sua atenção e tantas ofertas imperdíveis à disposição, muitos consumidores acumularam mais cupons do que são capazes de consumir. Por que não passá-los para frente?

De olho nesta oportunidade, algumas empresas já começaram a explorar o ramo. É o caso do Troca Desconto, criado em dezembro do ano passado. “Começamos a pensar no que poderíamos fazer para aproveitar esse boom das compras coletivas, mas a concorrência ficou enorme. Então surgiu a ideia de criar uma plataforma para revenda dos cupons”, conta  Sabrina Brito, responsável pelo desenvolvimento do projeto.

A empreendedora é sócia da agência Simples, especialista em marketing digital, que criou sites de compras coletivas para alguns de seus clientes. “Observamos que muitas pessoas perdiam os cupons por falta de tempo para utilizar todos. Aqui na agência mesmo alguns funcionários usavam até planilhas para controlar os vencimentos”, conta.

Com um investimento de 100 mil reais, a plataforma de trocas foi desenvolvida e entrou no ar. A proposta inicial era atrair o maior número possível de usuários para monetizar a ferramenta com anúncios dos próprios sites de compras coletivas, por isso os usuários não pagavam nada, nem para cadastrar suas ofertas nem para comprar cupons de outros usuários.

Mas, ao longo do caminho, um novo modelo de negócios surgiu. “Os próprios usuários passaram a demandar que entrássemos como intermediadores no processo, para garantir a segurança da transação”, conta Sabrina. A ferramenta passou a cobrar então de 10% de comissão, paga pelo anunciante, nas transações que intermédia. “Verificamos a validade do cupom e recebemos o pagamento em uma conta nossa. Se o cupom do vendedor não for válido ou se o comprador não efetuar o pagamento, a operação é desfeita”, explica a empreendedora.

Hoje, a plataforma registra em média de três a cinco novos cupons cadastrados diariamente, com até 500 pessoas passando por lá para conferir as novidades todos os dias. O volume de transações concretizadas é menor – apenas 10 ao mês –, mas Sabrina acredita que o número deve subir consideravelmente nos próximos meses. “Provavelmente teremos que investir mais para aprimorar a plataforma tecnicamente e torná-la mais conhecida”, reconhece.

O Troca Desconto não está sozinho no mercado. Também inaugurado em dezembro de 2010, o Recupom tem um trajetória similar. “A ideia veio de um estudo de mercado que fiz para o Febre Urbana em setembro. Analisei o mercado internacional e vi que a revenda de cupons estava começando por lá, mas ainda bem tímida”, conta Erwin Julius, idealizador do projeto.

O site recebeu investimento de 60 mil reais e já tem 1,5 mil usuários cadastrados. Assim como o Troca Desconto, aproxima potenciais vendedores e compradores. Mas, por enquanto, não atua na intermediação do negócio. “Ao se interessar pela compra de uma oferta, o interessado cadastra seu e-mail, que é então enviado ao vendedor. Este, por sua vez, pode respondê-lo por e-mail e combinar a venda com o interessado”, explica o empresário.

Por enquanto, o site não gera receita, mas Julius vê um potencial de faturamento de até 2 milhões de reais para o próximo ano. “O plano de negócios do Recupom envolve seis fases distintas, incluindo aplicações móveis e ferramentas B2B para auxiliar estabelecimentos que costumam publicar ofertas nos sites”, detalha.

Outros sites, como o Regrupo e o Troca Oferta, também tentam emplacar o modelo no Brasil. Para Rolim, da Câmara-e.net, tende a sair vitorioso nesta disputa quem sair na frente, a exemplo do que aconteceu com os próprios sites de compras coletivas. “Agilidade é fundamental para os negócios de internet. Não pode deixar o concorrente largar na frente”, destaca. Assim como no caso dos sites de compras coletivas, ter um bom mailing de endereços de e-mail é um diferencial para quem quiser se dar bem no segmento, segundo o consultor.

Embora reconheça que há potencial para o negócio, o especialista acredita que o espaço para novos entrantes é restrito. “É como o caso dos  buscadores de ofertas. A longo prazo, só há espaço para duas ou três empresas”, opina. Além da concorrência, a efemeridade das ofertas também pode atrapalhar o sucesso do modelo. “Se a pessoa vai vender o cupom porque o prazo está para expirar, quem comprar pode acabar morrendo com o prejuízo na mão”, adverte.

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