quarta-feira, 16 de março de 2011

Você consome conteúdo digital?

O mês de fevereiro de 2011 pode ser considerado no futuro um mês histórico para a publicação de conteúdo digital. A Apple revelou sua nova plataforma de assinaturas de conteúdos nos aplicativos e o Google lançou ferramenta equivalente. A grande preocupação que surge a partir destas novidades é se haverá uma concentração no mercado de compra e venda de conteúdos digitais nas mãos desses gigantes.

Desde o lançamento do primeiro iPod, a estratégia da Apple parece bem clara. Depois do aparelho que mudou a forma de ouvirmos música, surgiu o iTunes e também as formas de compra de música e filmes digitais. Recentemente a Apple e a News Corp lançaram o The Daily, precursor da sua plataforma de assinaturas de conteúdos digitais.

O Google tem também uma estratégia para conteúdos digitais, mas não é tão clara. Eles têm várias plataformas de entrega de conteúdo, como por exemplo, o Google News e o Reader, que nada mais são do que agregadores. Tem também a venda de livros acessíveis via web, e o rumor de que lançarão em breve uma forma de compras de músicas digitais. E agora lançaram, para competir com a Apple a plataforma One Pass de assinatura de conteúdos digitais.

Há duas grandes diferenças entre as plataformas do Google e da Apple. A gigante de buscas lançou algo que serve para sites de notícias e artigos cobrarem pelo acesso ao seu conteúdo. Manteve a web como plataforma base do serviço. Já a Apple preferiu apostar em assinaturas com base nos seus campeões de venda iPhone, iPad e iPod Touch. Essa é uma das grandes diferenças. Enquanto na versão do Google qualquer um pode assinar conteúdo digital, no caso da Apple só os poucos privilegiados donos desses equipamentos é que terão acesso.

Hoje a empresa da maçã é a líder em venda de músicas (digitais ou não) nos EUA. Neste ritmo pode ser que a Apple consiga dominar o mercado de conteúdos digitais (jornais, revistas, entre outros). E isso é uma grande preocupação uma vez que surjam conteúdos que só podemos acessar se tivermos um iPad ou iPhone.

Mas esse é um problema que provavelmente não vai acontecer devido ao “imposto” de 30% que a Apple cobra das empresas de mídia sobre o valor de venda de seus conteúdos digitais. É muito alto, pode desestimular o mercado a investir na plataforma. A Amazon, que tem aplicativo para iPad e iPhone, pode perder até 160 milhões de dólares em receita anual com isso.

A mesma Amazon também cobra um valor alto de quem deseja vender conteúdo através do seu aparelho Kindle. Há na conta do Kindle o custo de distribuição, que é alto pois parte do conteúdo do Kindle vai via 3G para os compradores. Análises mostram que quase todos os jornais e revistas vendidos através do Kindle raramente incluem imagens devido ao seu custo de transmissão via 3G.

Para finalizar a questão do “imposto” cobrado, o Google definiu 10% como a sua parte e o Paypal, que também lançou sua plataforma de conteúdos digitais, quer de 5% a 10% do valor de venda.

E todos eles estão certos em cobrar esses valores. Vamos supor que uma grande empresa de mídia queira vender conteúdo digital. Ela pode investir sozinha em toda a infraestrutura e pagar as contas de manutenção e atualização disso ou optar por alguma das plataformas disponíveis. A longo prazo certamente é mais vantajoso associar-se à Apple, Google, Paypal ou qualquer outro centralizador de vendas.

Cada empresa está apostando em modos diferentes de oferecer conteúdo digital pago. Cada uma tem suas vantagens e desvantagens tanto para os publicadores quanto para os consumidores. No final o que importa é como nós consumidores escolheremos consumir conteúdo digital pago. E é isso que vai dar o tom definitivo de como se comportará o mercado.

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