terça-feira, 23 de agosto de 2011

Por que as marcas brigam pelo octógono do UFC Rio

Anderson Silva derrota Vitor Belfort, no UFC 126

Anderson Silva derrota Vitor Belfort, no UFC 126

São Paulo – Entrar em um octógono de MMA não é para qualquer um. Mas, no próximo dia 27, o UFC Rio promoverá 12 combates entre alguns dos maiores astros da modalidade. E, ao seu lado, estarão seis marcas que pagaram entre 300.000 e 2,5 milhões de reais para dividir o ringue com os lutadores.

Mas, afinal, o que leva marcas como a Budweiser, Refinaria Manguinhos, Betboo, Match Connection, Probiótica e Burger King a bancarem um esporte com mais impacto que o boxe e que, há pouco tempo, era visto como praticamente uma briga de rua? O motivo é óbvio: as pessoas gostam.

Com todos os 15.000 ingressos esgotados em pouco tempo, o esporte tem forte apelo junto ao público jovem, resultado de um intenso trabalho de divulgação através de seus próprios atletas, que de um tempo para cá, passaram a transitar por programas televisivos em canais vistos por toda a família.

Na TV aberta, a luta principal, entre Anderson Silva e o japonês Yushin Okami, será exibida ao vivo pela RedeTV!, que comercializou cotas no valor de 5,180 milhões de reais. Gillette (P&G), Cachaça 51, Betboo e Integralmédica foram as marcas que fecharam negócio com a emissora. Para o canal, a transmissão do evento em tempo real – e o investimento em outras modalidades esportivas como artes marciais - surgiu como oportunidade, no momento em que os direitos do Campeonato Brasileiro, mesmo após licitação, ficaram com a Globo.

A aproximação do MMA com os jovens conta ainda com um elemento importante: o apoio das famílias. De acordo com Guilherme Cozza, diretor de marketing, da Brunoro Sport Business, isso ocorreu porque a modalidade evoluiu. Desde os anos 2000, o esporte vem adotando regras que reduziram a cara de “vale tudo” sangrento. Com isso, consegue inclusive lançar moda entre os jovens, influenciando também seu gosto musical e seu modo de vestir.

Existe um lado dinâmico e impactante do MMA que satisfaz a necessidade dos jovens. É uma modalidade que cuida, em especial, dos gostos individuais. Se antes o "Vale Tudo" gerava certo preconceito por trabalhar um pouco mais a violência, o MMA colocou controle nisso, e assim conseguiu abrir as portas para o esporte no Brasil”, diz Cozza.

Outro ponto a favor do UFC é que o MMA começa a agregar também um público inusitado, mas condizente com o contexto da economia mundial hoje: as mulheres.

Para Sylvio Maia , professor de MBA em gestão de marketing esportivo da Trevisan Escola de Negócios, isso é reflexo da forte mudança do papel da mulher como consumidora, associada a características do próprio esporte, como determinação e garra. Fora isso, a participação do lutador Anderson Silva em programas de TV tradicionalmente populares desmitificou o esporte, outrora visto como agressivo, perante as mulheres.

“O MMA é um novo formato de receita de negócio. É um nicho que gradativamente será ocupado por marcas de nicho”, explica Maia. Segundo ele, o esporte é uma oportunidade grande para marcas que buscam um espaço novo, desprotegido de concorrentes e ainda pouco explorado.

Potencial para isso, existe. Nos Estados Unidos, por exemplo, o UFC recebe, desde 2008, o patrocínio da Harley-Davidson. Além disso, o evento estaria, segundo a imprensa americana, muito próximo de assinar um contrato bilionário com a Fox para transmitir até quatro lutas ao vivo pelo canal FX no país. Hoje, as lutas são todas exibidas por pay-per-view, no canal Spike TV.

Mas, no que depender de Dana White, presidente do Ultimate Fighting Champioship, o campeonato não ficará restrito a nichos. White quer que o UFC seja o maior evento esportivo do mundo em 2020. Para que isso aconteça, o esporte ainda precisa queimar muitas calorias, se comparado ao futebol. Mas as marcas já mostraram que perderam o medo de enfrentar o octógono.

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