Atualmente, 24 por cento das 55
milhões de residências do país têm TV por assinatura. Segundo Rezende, em 10
anos, 80 por cento dos domicílios terão TV paga. Isso se dará pela expansão da
renda principalmente da classe C, pela recém aprovada regulamentação da lei de
serviço de acesso condicionada pela agência reguladora, e pela maior oferta de
produtos mais baratos.
“Pelo barateamento do processo
tecnológico, possibilidade de isenção de impostos para equipamentos e
crescimento da renda teremos vários fatores positivos impulsionando o
processo”, disse Rezende em entrevista por telefone, em Brasília, em 28 de
março. “Soma-se a isso, a abertura do mercado de TV por assinatura para as
empresas de telefonia.”
A regulamentação do serviço de
acesso condicionado, que coloca sob uma mesma regra as TVs via cabo, satélite e
Internet, foi publicada no Diário Oficial em 28 de março. Com isso, a Anatel
prevê para abril o início da liberação de parte das 600 novas outorgas em
análise na agência, algumas delas há cerca de 10 anos.
Novos operadores de TV a cabo
devem surgir em pequenas e médias cidades e, nos grandes centros, deve aumentar
a concorrência, disse Rezende. A competição deve ficar especialmente acirrada
no mercado de TV por satélite, após a presidente Dilma Rousseff aprovar as
novas regras, que permitem que América Móvil SAB, Telefônica Brasil SA e Oi SA
possam atuar sem restrições nesse segmento.
Forte potencial
O serviço de TV por assinatura
tem “forte potencial de crescimento” com a entrada dessas operadoras de telefonia
pois elas já têm como clientes novos consumidores em potencial, disse o
analista de telecomunicações do Banco do Brasil SA, Leonardo Nitta. Segundo
ele, a operadora consegue diluir os custos fixos utilizando a mesma
infraestrutura de rede, enquanto um novo operador tem de construir toda sua
infraestrutura, o que demanda “tempo, capital e risco”.
O serviço de TV por assinatura no
Brasil atualmente está concentrado entre Net Serviços de Comunicação SA e Sky
Brasil Serviços Ltda. Juntas, as duas têm 85 por cento desse mercado, segundo
dados da Anatel de fevereiro deste ano.
“A melhoria de renda vai fazer as
empresas puxarem mais cabos pra oferecer mais serviço e por isso o potencial de
crescimento de cabo é grande. De fato a classe C que está chegando ao mercado
está exigindo TV a cabo e banda larga”, disse Rezende.
O presidente da Anatel prevê que em 2012 a TV por assinatura
crescerá 30 por cento, repetindo o desempenho de 2011. Para os próximos quatro
anos, ele projeta ritmo médio de expansão de 20 por cento ao ano. Dados de
fevereiro de 2012 mostram que o país tem 13,3 milhões de assinantes de TV por
assinatura. Segundo ele, o país terá metade dos domicílios com algum tipo de TV
paga em 2016. “É uma penetração muito boa e nos coloca no mesmo patamar de
países avançados daqui a cinco anos. Esse crescimento é o que a nossa
infraestrutura suporta”, disse Rezende.
“As grandes operadoras levam vantagem pela escala que permite
oferecer pacotes de serviço mais completos e integrados”, disse Nitta. O governo
estuda a desoneração de equipamentos de infraestrutura de telecomunicações. O
Ministério das Comunicações e o Tesouro Nacional vão dar isenção de PIS e
Cofins para baratear o custo da implantação das redes de fibras ópticas no
país, disse Rezende.
Procuradas pela Bloomberg por email e telefone, as assessorias de
imprensa da Telefônica, Claro, do grupo América Móvil, e da Oi não quiseram
comentar a matéria.
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